{encefalite}
I.
Dor ao piscar, na ponta da linha d'água.
Enxaqueca que começa pontual e irradia ao tomar remédio, aliviando a intensidade ao deixar de ser localizada. Área ao redor do olho esquerdo e sobrancelha dolorida ao toque.
Região entre nariz e sobrancelha esquerda levemente inchada. Não perceptível senão ao toque.
II.
Uma praia minúscula esquecida por todos daquela praia ao lado. Tinha areia densa, de grãos grossos e espaçados entrelaçados por conchas e pedras de todos os tipos.
Nos propunha um andar massageante. Ou talvez algo como desfilar sobre uma pilha de unhas postiças.
{PONTUAL}
III.
Às vezes sinto, na borda do meu cérebro, uma gota caindo, desatando.
A sensação sempre me assusta e é intocável pela posição. Talvez seja algo a se investigar, embora eu me contente em achar um significado mítico desses eventos, como um degelo da minha mente.
Se posso desabafar, sinto há tempos que meu cérebro está contraindo, impedindo minha mente de dar pontos finais e pensamentos conectar.
Ah, o impedimento! Uma compressa moral e mental que não deixa fugir daqui, fisiologicamente, sincronicamente, para fora de mim através da mente.
IV.
As coisas ordinárias
vamos pensar nas coisas ordinárias
eu & você
você & nós
nós & todos
este país que tem esta cidade onde vive o chão que carrega a sua casa
este chão
carrega nas costas os seus pés
este chão
ordinário de gente ordinária que move este país
este país
que tem gente ordinária que na ordem do dia se faz brilhante
constrói muralhas sobre este chão
constrói sapatos para estes pés
pés que dilaceram essa carne sólida
sólido como este país que se faz em pé neste chão
V.
Foi falado (quem falou?)
que eu penso demais
e niguém (no fim) entende o que penso
então é melhor não pensar
fazer o que dá pra fazer
falar a palavra que se formou no escuro e sem esforço
que você vai ouvir sem pensar também
e tateando a forma clara vai entender sem dúvidas
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