Inscreva-se para acompanhar as publicações deste blog.

quarta-feira, 25 de dezembro de 2024

Carta de Amor II

    Você sequer tinha sua barba naquele sonho. Isso se me lembro direito de você. Não sei se me lembro, não te conheci muito bem. O que posso afirmar é a sua posição naquela esfera, o sonho, em que estava feroz contra mim.

    Deve ser como eu te imagino - faz sentido! -, embora esperasse que fosse a realidade além do onírico: você bravo e feroz feito um cão radical possuído pela raiva. Devolvi na mesma medida - Não, fui mau.

Defendi meu território e calei suas palavras com imensa racionalidade, fazendo questão de procurar mais provas além das fornecidas, que foram desnecessariamente caçadas por toda aquela cena para o puro estado da humilhação, que só pode ser visto assim agora com a crosta resfriada, vivido naquele instante como a construção sólida de minha defesa.

    Ninguém me violará.

    Sinto sua falta. Sinto-a porque não te conheci muito bem e gostaria de o ter feito. Não sei o que se desenvolveria disso. Agora só espero que tenhas ira, fome, mágoa; que gires seu rabo em torno disso, corras e apontes as orelhas para a direção tomada como pontas de flecha que cortam o vento.

    Encontre-me, pois não sei como te encontrar.