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sexta-feira, 31 de outubro de 2025

de queda e afogamento

    Na fila do caixa o atendente me convidou com um olhar estranho
respondi em educação, porém sem muitos significados.
    Estava, pois, de passagem, não era meu local – apenas uma viagem –, e aquele supermercado era por si próprio uma cidade-dormitório, apenas estadia para qualquer um, de dentro de um shopping center.
    Ele seguiu seu olhar caminhando enquanto íamos todos pela garagem em frente
    e ninguém mais notou, ou notar não traria conversa
    porém eu notei e posso ter notado mal
    porque já experienciei olhares assim antes, que se tornaram lábios e me engoliram monstruosamente
    em repetidas vivências, sempre na defensiva,
    me tornei requerente desses,
    sem nenhum prazer e com extremo medo
    sabendo ao todo que virá e desencadeará noutros signos
    a letra, palavra, oração
    e irei me fazer protetivo
    o corpo enquanto armadura
    fuga sem deslizes
    desejando que a força seja maior que a minha
    e haja descontrole

    não é cruel?

    Continuo fazendo perguntas em todas as minhas divagações,
porque em um círculo decadente danço
    esperando quem quebre a taça
    e me perfure com os estilhaços
    arrebentando o Mesmo
    para me apresentar caminho de corretude

    mas é esperar demais
    e perceber muito do momento insignificante com alguém
    como Você
    sem nome e sem face