Na fila do caixa o atendente me convidou com um olhar estranho
respondi em educação, porém sem muitos significados.
Estava, pois, de passagem, não era meu local – apenas uma viagem –, e aquele supermercado era por si próprio uma cidade-dormitório, apenas
estadia para qualquer um, de dentro de um shopping center.
Ele seguiu seu olhar caminhando enquanto íamos todos pela garagem em frente
e ninguém mais notou, ou notar não traria conversa
porém eu notei e posso ter notado mal
porque já experienciei olhares assim antes, que se tornaram lábios e me engoliram monstruosamente
em repetidas vivências, sempre na defensiva,
me tornei requerente desses,
sem nenhum prazer e com extremo medo
sabendo ao todo que virá e desencadeará noutros signos
a letra, palavra, oração
e irei me fazer protetivo
o corpo enquanto armadura
fuga sem deslizes
desejando que a força seja maior que a minha
e haja descontrole
não é cruel?
Continuo fazendo perguntas em todas as minhas divagações,
porque em um círculo decadente danço
esperando quem quebre a taça
e me perfure com os estilhaços
arrebentando o Mesmo
para me apresentar caminho de corretude
mas é esperar demais
e perceber muito do momento insignificante com alguém
como Você
sem nome e sem face
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