1. Eu vou bater a cabeça na porta até virar madeira.
terça-feira, 21 de novembro de 2023
Hoje percebi o quanto respeito os chamados "ativistas do meio ambiente". Não gosto desta definição. É redutiva. Essas mentes jovens e corajosas são muito mais do que isso. Relembram que o mundo é uma entidade natural.
Esse é o problema: cheguei à certeza de que não mais vemos nosso mundo como uma amálgama de vida. É agora uma corporação. Vivemos a instituição planeta Terra, com regras corporativistas artificialmente incluídas na rotina. É o tecido poliéster tomando conta da sociedade. A natureza, numa proporção irônica, está mais próxima da abstração de um espetáculo. Ou da arte em reprodutibilidade técnica, sabe-se lá onde quero chegar com isso. Passamos a vivenciar catarses diante da natureza porque ela foi alienada do mundo, sem se somar a ela. Se tornou pousada para passar o feriado.
segunda-feira, 28 de agosto de 2023
felicidade-coletivo-artístico
2. A polícia da mente me ronda de tempos em tempos com a ideia de um coletivo artístico. Venha! Vamos montar um coletivo artístico.
Repete-se o problema: não faço ideia de como isso se vinga. É a vontade o suficiente para realizar alguma coisa neste mundo?
sábado, 19 de agosto de 2023
É uma pessoa religiosamente abstrata, de muitos pedidos e alguns agradecimentos. Perdura naquela mente a sensação niilista de que os olhos que observavam a Terra agora estavam fechados, protegidos pela falácia da decisão. Ó mundo este no qual os poderes são gigantescos vulcões em que caminham formigas. Não há estrutura, ainda que se conclame a união!
- Ora! - ele reduz. - Não se luta guerra com um garfo. O inimigo não é espaguete.
quinta-feira, 27 de julho de 2023
maegami
Meu cabelo está curto novamente. Não há nada de errado nisso. As plantas crescem, são podadas, morrem, são enxertadas em fenômenos novos. A imagem, diante disso, é recortada e montada em representações que te afetam e afetam os outros.
Diga-se de passagem: me afeta este cabelo de agora. O que me tornei com ele e com todas as outras camadas pessoais que me determinam enquanto obra observável.
A natureza solidifica suas formas independentemente da existência humana. A árvore parasita cresce em torno de um tronco agora seco que se manifestou no tempo. Estas todas se comunicam pelas raízes, especulam os cientistas. As raízes aéreas, como transmitem suas mensagens? Em balões de pensamento, como nos gibis, talvez estas plantas comentem os dias. Levam figuras do mundo contadas sem boca e olhos. A existência humana articula seus paradigmas acima da natureza. Por inércia e atitude, nos correlacionamos às irradiações destas correntezas sociais.
Meu cabelo está curto novamente. Perante isso, na frente do espelho, olho o caractere na esperança de que outra pessoa apareça. Além de mim. Comigo. Que seja a árvore parasita que articula seus membros ao redor. Que seja o tronco agora seco que pontua o tempo. Dê pontos finais e reticências aos textos certos. Faça enxertos e crie com palavras imagens comunicativas - estas audiovisuais - que permaneçam ao sucesso e fracasso destas famílias sobre a terra.
Quando se morre e é enterrado, você é também uma espécie de raiz para se vincular às vidas todas que deixaram suas marcas na linhagem. Se é queimado, talvez como uma raiz aérea, ou com o azar de ser confinado em baús e cálices, emite seus pensamentos ao resto da morte que vaga. A natureza perdura viva. A carne se manifesta morta. Enquanto em pé, diante do espelho, observo meu cabelo que está curto novamente.
Can't I be successful? Can't I have any success? Tell me, dearly force, how to commute. How to play these silly parts. How it is to command. Better, give me the nighttime and the blind paths it carries. I will stumble and be bitten. As I deserve and want. It's how I want it. I want to be under the embedding of a new way of living. Give me that. In return I will give you the lasting of its produce. Do not want the effortless. Rather, I want the ephemeral of happiness. In a blink, to feel it and lose right after.
domingo, 16 de julho de 2023
Notes on dreaming
Notes on dreaming:
2. The artworks revolve around calligraphy and its processes. Paper and ink mostly. One of the pieces was about a series of small circles made by cutting and connecting stripes of red metallic paper. The direction of the connection (or how they were glued to the panel behind) was the subject of the analysis written beautifully in a small description box aside the piece.
When I went (mesmerized) from the bottom floor to the first - the entrance one -, I've met the young curator who organized the place. Can't pick up why this was so important to me, maybe because of the facility to find them afterwards with the info I've collected: the name Julia Telemita (or a written variation of it - I swear there's no relation to the streamer Julien Solomita!) and the art manifesto that I've knew, written by them: "F for Transformation". There's indeed a catch to pay attention in this title.
The museum had muted murky green walls without any details other than the artworks with spotted lights above (bright but yellowed to complement the colours) to lighten up the place.
terça-feira, 4 de julho de 2023
segunda-feira, 19 de junho de 2023
Desse lado da cama meus sonhos são todos homéricos. Não consigo interpretá-los, porém gosto muito de vivê-los, mesmo quando são pesadelos, porque os sinto como conversas acima do meu entendimento em línguas novas sussurradas por seres lá de cima, que eventualmente rasgarão meu consciente em traduções interpretáveis.
Do outro lado da cama os sonhos são todos continuações deste mundo. Mesmo quando surge um personagem obtuso, ele é pautado na realidade e suas fórmulas físicas. Nestes tento me comunicar. Tecer conversas com essas pessoas que chegaram à minha presença, como se eu fosse um ônibus abarcando no terminal e aquelas pessoas ali sentadas aguardassem por isso. Tenho a esperança de que essas conversas tenham estrago no mundo real, embora até agora se fizeram cartas perdidas no transporte.
A aflição e a falta de planos sobre como viver o mundo são permanentes aqui e lá, o acordado e o inconsciente, sobre os dois lados da cama, quase sempre cumprindo seu papel de distanciamento, de não concluir as possibilidades de conexão. Importo, mas não pretendo mudar essa situação. Não parece muito aventureiro viver sem ser assim.