Não tendo boas proporções, o cabelo era grosso e leve, quase uma antítese, que não se manifestava numa forma estável e apenas flutuava em longos cachos sem dinâmica, como se o artista daquela criatura o tivesse feito em carvão às vezes borrado com o dedo, massas escuras com espaços de fios brancos contrastantes e nenhuma delicadeza. Nenhuma, um caos celebratório para aquela face bonita e decadente. Essa decadência era iminente e parecia estar apressada, a cada dia se manifestando de alguma nova forma na qual o cabelo sem definição não ajudava a declarar juventude ou disciplina. Não era rebelde, não parecia pelo menos ser, contudo também não era ajustado. Era a coisa do meio, aquele quem espera silencioso pela hora do parabéns para comer um único pedaço de bolo e partir, mandar suas lembranças e ir.